Santuário Bom Jesus dos Mártires

AS CAPELAS

Das capelas do lado direito resta só uma, a “do tesouro”, mencionada na visitação de D. Jorge. Das do lado esquerdo duas, a Capela dos Mestres, e a Capela de Maria de Resende.

CAPELA DO TESOURO

Como um pequeno santuário independente, esta capelinha compõe-se de um corpo e uma capela-mor. O corpo é coberto por uma abóbada de nervuras e a capela-mor por uma abóbada de berço quebrada.

Um arco de cruzeiro acenta sobre as colunas de capiteis lavrados de folhagem de pouco relevo, e do lado esquerdo do corpo existe uma comunicação com a igreja.

Exteriomente a cimalha acenta em modilhões sem adornos característicos do séc. XII e XIII.

“Convenço-me que esta capelinha datará do fim do século de duzentos, o que concorda com a fundação do convento dos espatários em Alcácer, que segundo os cronistas foi começado depois de 1292”, diz Virgílio Correia.

A CAPELA DOS MESTRES

É uma das capelas do lado esquerdo, fundada por D. Garcia Peres (4º mestre da ordem) em 1333, sob o patrocínio de S. Bartolomeu Apóstolo.

É um raro e grandioso exemplar de gótico trecentista, de planta octogonal, com altas janelas e coberta de um terraço rebordado de cantaria, para o qual se sobe por uma escada de caracol enrolada em torrinha hexagonal apensa.

Os botaréus em degraus coroados de gírgulas, os modilhões iniformes, as altas janelas bipartidas sobrepujadas nos timpanos por óculos trilobulados, revelam a execução de canteiros conhecedores do seu ofício.

ACAPELA MARIA DE RESENDE

Foi mandada edificar, no primeiro terço do séc. XV, por Maria de Resende, viúva do comendador de Santiago, Diogo Pereira[1], que aqui tem o seu túmulo (m. em 1427).

É construída em três corpos , dois rectangulares e um terceiro trapezoidal. A cobertura é uma abóbada de nervuras.

Obra de arquitectura gótica, a comunicação faz-se com a igreja por um belo portal de arco quebrado. Este arco indica-nos que, ao contrário do que sucedera com a capela dos mestres, o corpo central já estava construído quando Maria de Resende decidiu realizar a sua obra.

Encrustadas nos muros do adro e das paredes desta igreja estão várias cabeceiras de sepultura discóides, adornadas de cruzes e insígnias de ofícios, acentuam o caracter funerário dos santuários primitivos, caracter que o local conserva desde os tempos mais remotos, pois ali foram necrópoles pré-romanas e romanas.

[1] Diogo Pereira, homem de confiança de D. João I, que o enviou na companhia de D. Beatriz a Inglaterra, e na do conde de Barcelos à Turquia e Jerusalém, fazendo-o por fim aio do infante D. João, que foi o 10º mestre da Ordem e que deu a D. Diogo a comenda, e autorizou posteriormente a viúva a realizar a capela. Tudo isto consta de inscrição existente na capela, inscrição sobranceira ao túmulo do fidalgo, magnífica peça de mármore de Estremoz.